Mordomia é sinônimo de administração, serviço. É o ofício de um mordomo. Mordomo é um administrador; despenseiro; pessoa encarregada da administração de uma casa; é um empregado doméstico. É uma pessoa de confiança, que trata dos negócios de uma irmandade ou que administra os interesses internos de um palácio ou pertences de seu senhor. Mordomia Cristã, portanto, é serviço cristão, onde Deus é o Senhor e os crentes são seus mordomos. Esta provém do grego oikonomia e significa utilização responsável, e amorosa dos recursos que o Senhor colocou à disposição da sua Igreja para louvor e glória de seu Nome e expansão do seu Reino. Algumas caracteríticas fundamentais do mordomo são: Fidelidade: exemplo de José, que foi mordomo fiel de Potifar, no Egito (Gn 39.4-8). Todo mordomo deve ser fiel à seu senhor. Obediência: O mordomo deve sempre fazer o que seu Senhor lhe manda como foi Elieser, servo de Abraão, que buscou uma esposa para Isaac como lhe fora mandado; este tinha o governo de todos os bens de seu senhor (Gn 15.2; 24.1-6). Prudência e vigilância, como mostra a parábola do servo vigilante (Lc 12.42). Ter um só Senhor como ensinou Jesus: “Nenhum servo pode servir dois senhores...” ( Lc 16.13). Na Bíblia, encontra-se menções de mordomos, tais como: Aisar, mordomo do rei Salomão (1Rs 4.1,6); Obadias, mordomo do rei Acab, o qual temia muito ao Senhor, e guardou 100 profetas de Deus porque Jezabel queria matar-los (1Rs 18.3,4). Eliaquim, mordomo do rei Ezequias; o qual foi exaltado por Deus (Is 22.15,20); Eunuco de Candace, mordomo-mor, superintendente de todos os tesouros da rainha dos Etíopes, converteu-se ao evangelho à si pregado por Felipe (At 8.27). A mordomia cristã não é somente das coisas materiais e vocacionais, mas também abarca as espirituais. É importante realçar que todos os salvos são mordomos do Senhor, que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Como bons servos, há que cuidar: do corpo: templo do Espírito Santo; da alma: guardando o coração em santidade; do espírito: alimentandose com a Palavra de Deus (1Ts 5.23); da família: orientando-a na Sã Doutrina, bem como, usar os talentos dados por Deus para ser de benção em Sua obra (Mt 25.14-28); Ser bons administradores: do dízimo que pertence ao Senhor e do tempo como diz Efésios 5:14,15: “Portanto, vede, prudentemente, como andais ... remindo o tempo...”. Deus é Soberano: Senhor (Ex 3.6), Criador (Am 4.13) e Salvador (Hb 2.1-10). Ele pedirá contas do trabalho feito (Mt 18.23; Lc 19.15), julgará e provará as obras (1Co 15.33) e recompensará a cada um dos seus servos que forem fiéis até ao fim: “Eis que cedo venho,e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra“ (Ap 22.12).
Servo ou escravo era uma pessoa ausente de autonomia pessoal e social, cujo trabalho e energia eram dedicados ao bem estar e sucesso do seu senhor. A escravatura prevalecia e era grandemente aceita no mundo antigo. Países como Egito, Grecia e Roma floresciam e tinham suas economias baseadas no trabalho escravo. Na primeira era cristã, uma dentre três pessoas eram escravas na Italia, e uma dentre cinco nas demais partes do mundo. Em Roma, famílias ricas tinham até 20.000 escravos, porém estes não tinham nenhum direito civil ou matrimonial. Muitos dos escravos fortes fisicamente se agregavam à escola de gladiadores. Os escravos estavam sujeitos aos serviços mais dificultosos, indignos e indesejáveis, fossem esses domésticos ou civis, no campo ou nas minas, em construção ou trabalho forçado. Alguns escravos eram altamente inteligentes e alcançavam posições importantes na casa, como foi José, ou educando os filhos de seus senhores. Legalmente os escravos não tinham nenhum direito, porém os que trabalhavam na casa de seus mestres eram considerados como parte da familia, e alguns usufruiam respeito e carinho dos mesmos. Uma pessoa poderia se tornar escrava quando capturada na guerra; ao ficar individada e sem recursos de pagar seus credores, ao nascer de pais escravos, ao ser vendida pela familia, ou quando culpada de um crime (Lv 25.39; 2 Rs 4.1; Ne 5.1-5; Is 50.1). Todo macho em Israel, inclusive seus escravos, deveriam ser circuncidados e guardar as leis, rituais e preceitos dados por Deus, participando de seus festivais e guardando o dia do sábado (Ex 12.43,44; 23.12). O preço dos servos ou escravos variavam segundo a época e circunstâncias. A legislação hebraica previa o pagamento de 30 siclos por um escravo que fosse morto pela negligência de uma terceira pessoa (Ex 21.32); José foi vendido por 20 siclos aos mercadores (Gn 37.28); Jesus foi traido por 30 moedas de prata por Judas. O estatuto legal de um escravo hebreu era diferente de um estrangeiro. Após seis anos de serviço, o escravo hebreu deveria receber sua liberdade ou sair forro (Ex 21.2-6). Quando o israelita era vendido ao estrangeiro que morava em Israel, o mesmo poderia sair livre se tivesse a quantia legal estipulada para o seu resgate (Lv 25.43). Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a escravatura era vista como normal entre os povos. Paulo indica em sua epístola aos Gálatas, que não havia barreiras ou discriminação para aqueles que eram servos/escravos, em fazer parte do corpo de Cristo (Gl 3.28,29). Pelo contrario, Paulo urge a Igreja que uma transformação deveria ocorrer no relacionamento entre senhores e servos (Ef 6.6-8; Cl 3.22; 1 Tm 6.1). Isso se torna evidente em sua carta a Filemon, quando roga que receba a Onésimo, não mais como escravo, mas como irmão (Fm 1.16). As epístolas paulinas e gerais demonstram a linda simbologia do senhorio de Cristo sobre sua Igreja; pois sendo servos do pecado, obedecemos de coração à forma de doutrina que nos foi entregue. E libertados do pecado, fomos feitos servos da justiça (Rm 6.17,18). Outrora o homem foi escravo do pecado (Jo 8.34), mas ao conhecer a verdade (Jo 8.32), este foi comprado por bom preço (1 Co 7.23); não com ouro ou prata, mas com o precioso sangue de Jesus Cristo (1 Pe 2.18-21). Portanto, dizia Paulo, estais firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão (Gl 5.1). A grandeza de um servo é vista naquele que expressa sua fé, amor, humildade, espírito solícito, disposição, obediência, fidelidade e não vive para agradar a si mesmo, mas a Deus. “Mas nós que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos… Porque também Cristo não agradou a si mesmo…” (Rm 15.1,3). Paulo, o Apóstolo, foi um grande imitador de Cristo (1 Co 11.1); em várias de suas cartas ele declara: “eu servo de Jesus Cristo… e vivo, não mas eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Ele entendia que não era mais o seu querer ou sua vontade que prevalecia, mas a vontade de Deus na sua vida. Ele era um servo que aceitava os desafios, seguindo as instruções e planos de Deus; um servo de espírito solicito e disposto! Um modelo de líder-servidor. A todos aqueles que forem fiéis ao Senhor, um dia ouvirão: “Bem está, bom e fiel servo, sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei” (Mt 25.23).