“Eu sou a videira verdadeira e meu pai é o lavrador… vós sois as varas.” O discurso de Jesus registrado no capítulo quinze do Evangelho de João trás à luz o mais profundo relacionamento entre o Pai, Ele e nós, numa hierarquia muito natural e divina! Enquanto nós dependemos totalmente de Cristo, este depende do Pai para que a obra em nós iniciada seja fecunda até o fim. Simplesmente maravilhoso – “Cristo em vós, esperança da glória.” (Cl 1.17). Todo esse projeto é divino: a videira veio à vida pelo beneplácito do Pai; frutificou pelo seu eterno poder; se mantém pela sua divina sabedoria. “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto.” Depois de trinta e três anos, o machado do Lavrador cortou o tronco pela raiz, desta tenra vinha para ser plantada noutro lugar. Suas raízes, tronco e galhos foram transplantados para um melhor e fértil terreno celestial. O oráculo do filho amado de Jacob espelhou o que haveria de acontecer com ela: “José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus ramos correm sobre o muro.” (Gn 49.22). Plantada junto aos ribeiros de água da vida, em regiões celestiais, estendeu seus galhos por toda a longínqua terra, espalhando seus frutos às mãos cheias, numa rica e próspera colheita – “Bendito o Deus e pai (o lavrador) de nosso Senhor Jesus Cristo (o tronco), o qual nos abençoou (os galhos) com todas as bênçãos (os frutos) em lugares celestiais em Cristo.” (Ef 1.3). O Pai é o lavrador, o proprietário, o responsável pelo desenvolvimento da Vinha no todo! A clássica afirmação do texto por si já confere isto: “toda a vara (galho) em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.” (João 15.2). Este é o sublime mistério de estar em Cristo: se frutificamos, sofremos o corte do podador, através das muitas provações e renúncias diárias a nós impostas com amor; se não frutificamos, vivemos uma vida de mil maravilhas neste mundo, apenas com um profundo sentimento de alienação do corpo, por estarmos cortados! Querida família Betânia, que o Lavrador a todos nos guarde, e se pequenos ou grande frutos estamos dando para ele, que estejamos dispostos à pagar o preço, dando mais, e com abundância! Pois, “os que estão plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus”!
A palavra regeneração significa restabelecimento do que estava destruído, restauração. O substantivo palingenesia ocorre apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt 19.28 e Tt 3.5). Na passagem de Mateus é usada escatologicamente para referir-se à restauração de todas as coisas. No trecho de Tito a palavra é usada apenas com referência individual. Em outras passagens, vários vocábulos são empregados para explicar a obra que o Espírito Santo efetua. Estes vocábulos: gennaõ, añthen e anagennaõ que significa gerar, dar nascimento ou dar novo nascimento, são usados para descrever o ato inicial da renovação. Existem pelo menos dez vocábulos gregos que definem a regeneração à luz das Sagradas Escrituras. Todos estes indicam uma alteração drástica e dramática que pode estar ligada ao nascimento, ao renascimento, à recriação ou até mesmo à ressurreição. No Antigo Testamento, algumas passagens mostram um conceito de renovação nacional, concernente a um novo concerto ou aliança na lei. Existem outras citações que se referem ao indivíduo. Como por exemplo, Davi na sua oração no Salmo 51.10, onde ele pede que o Senhor renove nele um espirito reto, após ter pecado. A doutrina da regeneração está intrinsecamente ligada ao pecado cometido no Éden e o sacrifício vicário de Jesus. Adão perdeu a comunhão com seu criador, morreu espiritualmente e a morte física entrou em vigor. Deus é santo e abomina o pecado. Desde então, o homem nasce destituído da glória de Deus (Rm 3.23) e precisa nascer de novo espiritualmente, de uma regeneração. Deus é amor, jamais deixaria o homem debaixo da condenação eterna sem dar-lhe o escape: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho Unigênito para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3.16). Esta é uma obra espiritual e divina. A Bíblia diz que Deus tira o coração de pedra e coloca outro de carne (Ez 11:19). Esta operação interior é ministrada pelo Espírito Santo que arranca a velha natureza espiritual e faz um novo homem, o qual começa a viver em novidade de vida. Jesus explica a Nicodemos sobre o novo nascimento: "...aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" (Jo 3:3). A regeneração dá ao salvo acesso ao céu. É uma dádiva do Deus Pai, consumada por Jesus, na cruz, e é efetuada pelo Espírito Santo mediante a Palavra de Deus da Verdade. Portanto, se alguém ouvir a Palavra de Deus, crer e arrepender-se dos seus pecados é transformado instantaneamente, é salvo. Recebe vida espiritual e ligação de volta com Deus. Se torna filho de Deus (Jo 1.12,13), é reconciliado com Deus e pertence ao Reino da luz. "Portanto se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo." (2 Co 5.17,18).