Um conceito bastante difundido através dos púlpitos é o de que Cristo foi tolerante para com o pecado dos seus contemporâneos. Não podemos concordar com este pensamento, visto ser ele um conceito falso e antibíblico. O fato de Cristo ter tido paciência com os pecadores, com os seus próprios algozes, não significa tolerância para com o pecado. Afirmamos categoricamente que Cristo, à luz da Bíblia, não foi tolerante com relação ao pecado. Muito pelo contrário, ele foi um confrontador! O que vemos hoje em dia é uma mensagem de tolerância religiosa com relação àquilo que Cristo mais combateu enquanto esteve na terra. Os que pregam a tolerância estão procurando um meio de acomodar às circunstâncias ou estão procurando, em linguagem psicológica, compensação à falta de coragem para agir em relação aos problemas da igreja. Isso soa como um abandono dos deveres e da responsabilidade. Os adeptos da tolerância religiosa fogem da responsabilidade de punir o pecador, afirmando que o próprio Deus é quem irá discipliná-lo. Vemos nas Sagradas Escrituras que Cristo foi sempre enérgico e intransigente para com o pecado. Cristo também não foi tolerante com as heresias do seu tempo. Admitir a tolerância em Cristo para com o pecado e para com as heresias, é negar a sua perfeição. Isso faz de Cristo um ser imperfeito, pois, quem tolera o erro se torna cúmplice do mesmo. Cristo sempre age de acordo com o caráter divino. Ele não é contraditório. Desde o começo da história Deus foi intransigente quanto ao pecado. Quando nossos primeiros pais pecaram, transgredindo o preceito divino lá no Éden, Deus não os poupou. Eles receberam imediatamente a sanção divina. Foram expulsos do Édem. Isso mostra que Deus promulgou a lei para ser cumprida e não para ficar apenas no papel. A Sua justiça divina exige a punição do transgressor. Vemos, mas uma vez, a intransigência divina contra o pecado ao enviar o dilúvio sobre a terra para a destruição total dos desobedientes. Vemos isso também na sua relação com o povo de Israel, com Davi e, como não poderíamos esquecer, com Jonas. Afirmar que Cristo foi tolerante é desconhecer a Bíblia e, principalmente, os Evangelhos. O Mestre foi enérgico no seu tratamento com o apóstolo Pedro, censurando-o (Mt 16.21-23). No caso da purificação do templo, que todos nós conhecemos, Cristo expulsou todos os comerciantes que vendiam suas mercadorias no templo. Derrubou suas mesas e as cadeiras (Mt 21.12,13; Mc 11.15-17). O tratamento de Cristo para com os fariseus e escribas contradiz os senhores promotores do pós-modernismo, a igreja da tolerância. Em Mateus 23, Jesus os chama de hipócritas, guias cegos, insensatos, serpentes e raças de víboras. A tolerância, à luz da Bíblia, consiste em não sermos precipitados no exercício da disciplina restauradora, mas em dar oportunidade ao pecador, para que se arrependa. Paciência com pecador não implica em tolerância para com o seu pecado. Mas esta oportunidade deve vir acompanhada de uma advertência energética contra o seu pecado. É preciso que ele sinta a sua culpa e para isso, é preciso ser chamado à advertência. Cristo ensinou a perdoar. Todos nós devemos ter o espírito de perdão. Mas isso não significa tolerar o erro. Tolerando o erro, a igreja se enfraquece. Ensinar a não punição do erro é ir contra a justiça divina e fazer de Jesus um conivente do pecado. Portanto, o conceito de que Cristo foi tolerante é falso e antibíblico. A primeira palavra do Evangelho é arrependam-se!
Quarta igreja da Ásia Menor, a quem Jesus escreve sua mais extensa carta através da pessoa do Apóstolo João, quando em sua prisão na Ilha de Patmos. O nome Tiatira significa sacrifício continuo, e estava localizada a 66 km do Mar Egeu, em um corredor que ligava os Vales Hermes (Filadélfia e Sardes) e Cáico (Pérgamo). Entre os anos 301-281 a.C., Seleuco Nicator estabeleceu uma colônia de macedônios e a chamou de Tiatira. Foi construída para ser uma cidade-sede de guarnição militar. A cidade existia anteriormente com o nome de Pelópia e de Euipia. Existia em Tiatira um magnífico templo dedicado a Diana e Tirimânios, mas a principal divindade da cidade era Apolo, para quem eram realizados rituais e cultos pagãos. Era também o lar de Jezabel, a mestra notória e influente que de maneira aberta apoiava a vida imoral dentro da Igreja, a quem Cristo decretou severo juízo (Ap 2.20-23). A importância de figuras femininas na cultura religiosa da cidade pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a qual seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição. Tiatira foi um importante centro industrial e comercial entre as regiões de Lídia e Mísia, na época em que o livro de Apocalipse foi revelado. Era também a sede de um grande número de guildas ou associações de mercadores que trabalhavam com vários metais, com cerâmica, com produtos têxteis, mas que se notabilizou pela indústria de tecidos tingidos em púrpura, a qual era extraída da raiz de uma planta que crescia em Tiatira e em Sardes. Essas associações ou sindicatos costumavam realizar banquetes que incluíam alimentos oferecidos aos ídolos e eram seguidos de práticas imorais. Parece que esses costumes da cidade foram aceitos e praticados por alguns da Igreja, especialmente por uma mulher que se dizia profetiza, chamada Jezabel, cujo nome significa casta (Ap 2.20). Contudo, havia um remanescente fiel na Igreja que não se dobrava a essa abominação, e por isso Jesus adverte: “...a todos quantos não teem esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga não vos porei.” (Ap 2.24). Junto ao centro de Akhissar atualmente, se encontram restos arqueológicos da antiga cidade de Tiatira, que inclui fragmentos de colunas e de edifícios. A Bíblia faz referência sobre Tiatira no livro de Atos, quando relata a história de Lídia, uma vendedora de púrpura, natural de Tiatira, que servia a Deus. Após ouvir o discurso de Paulo junto ao rio, foi batizada junto com sua família, e abriu as portas de sua casa para receber o apóstolo, juntamente com Silas e Lucas (At 16.13-16). Não se sabe ao certo, mas é provável que a conversão de Lídia e sua família, tenha dado início a Igreja em Tiatira. Esta Igreja é elogiada por Jesus pelas suas obras, seu amor, seu serviço, sua fé, sua paciência, e que suas últimas obras eram mais do que as primeiras (Ap 2.19). Entretanto, como escreve o pastor Claudionor de Andrade: “Ao contrário de Éfeso, a igreja em Tiatira fizera-se conhecida pelo amor. Sua imperfeição não estava em amar os maus; residia no aquiescer ao mal. O amor que tolera o erro, ainda desconhece o que é certo. Deus ama o pecador, mas odeia o pecado” (1 Co 13.6,7). No estudo dispensacional das Igrejas da Ásia, Tiatira prefigura a Igreja Sacrílega que vai do ano 590 – 1517, quando se estabeleceu o sistema papal universal. Nesta época foram introduzidas na Igreja inúmeras apostasias e práticas abomináveis às Escrituras, como a infabilidade papal, a mariolatria, penitências, indulgências e o purgatório, cujo objetivo era anular o sacrifício e obra redentora de Cristo. Aos fieis de Tiatira Jesus faz uma promessa: “Ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações. E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela da manhã” (Ap 2.26-28)..